sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Bento Teixeira

Nasceu no Porto, em 1545 e faleceu a 1605, as datas são imprecisas. Desde os escritos de Abade Machado, em sua "Biblioteca Lusitana", até os recentes trabalhos de Artur Mota, todos vieram repetindo o erro histórico de que este Bento Teixeira Pinto foi o primeiro poeta brasileiro.

Rodolfo Garcia na introdução que escreveu para o segundo volume de “Visitação do Santo Ofício às Partes do Brasil coleção provou que o poeta é simplesmente israelita do Porto”. Não é, portanto, brasileiro. Filho de Manuel Alvares de Barros e Lianor Rodrigues, cristãos-novos.

Emigrou com a família para a Bahia em cujo seminário se matriculou, andando de batina. Tendo-se revelado israelita fugiu para Pernambuco, desposando Filipa Raposa, vivendo como professor de gramática, latim e aritmética. Pelas acusações que lhe fizeram em 1591, na Bahia, e em 1593 em Olinda, era o homem mais culto e intelectualmente capaz em todo o Brasil. Por questões de adultério, assassinou a esposa, refugiando-se no mosteiro dos Beneditinos, graças ao direito de asilo, ainda vigente naquele tempo.

Quando se viu novamente acusado perante a Inquisição, compôs e dedicou ao governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho, o poema "Prosopopéia" que apareceu, em Lisboa, em 1601.

Várias obras lhe têm sido atribuídas; mas, certamente, só sabemos que escreveu o poema camoniano "Prosopopéia". Quanto à forma é pura imitação de Os Lusíadas, com versos inteiros, tirados de Camões. Quanto ao assunto, narra as peripécias de um naufrágio em que se encontrou Jorge de Albuquerque Coelho. Aproveita a oportunidade para fazer descrições da terra pernambucana. 0 seu grande mérito é todo histórico: foi o primeiro trabalho aqui feito com intuitos puramente literários.

Tudo em sua biografia, e em sua bibliografia é incerteza, escreve o crítico Múcio Leão. Julgam-no alguns pernambucano, mas corrente mais numerosa o considerava português

Rodolfo Garcia o identifica ao cristão novo que depõe nas denunciações de Pernambuco ao Santo Ofício e se diz natural do Porto, como se vê no livro da "Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil".

Diogo Barbosa Machado, em sua "Biblioteca Lusitana" atribuiu-lhe a autoria de três obras: "Prosopopéia", "Relação do Naufrágio" e "Diálogos das Grandezas do Brasil".

Graças às investigações de Varnhagen, verificou-se que estas duas últimas obras, em prosa, não são da autoria de Bento Teixeira. "Relações do Naufrágio" foi escrita pelo piloto da nau Santo Antônio, Afonso Luís. Os "Diálogos" segundo demonstrou Capistrano de Abreu, são da autoria de Ambrósio Fernandes Brandão.

Ficará para Bento Teixeira - sujeito de maus princípios, uxoricida, segundo Rodolfo Garcia - apenas a insulsa "Prosopopéia", cujo valor, como obra de brasileiro, pouco ou nada tem de característico, a não ser o colorido de algumas paisagens nossas, como a do "Recife de Pernambuco".

Filho de cristãos-novos, veio com a família para o Brasil por volta de 1567, com destino à capitania do Espírito Santo, frequentando o colégio dos Jesuítas. Em 1576 foi para o Rio de Janeiro e em 1579 para a Bahia. Em 1583 vai para Ilhéus onde se casa com Filipa Raposa, cristã-velha.

Sem possibilidade de melhoria financeira, parte em 1584 para Olinda, abrindo aí a escola. Em 1588 vai para Igaraçu, dedicando-se ao magistério, à advocacia e ao comércio. Foi aí que a esposa começou a traí-lo sob pretexto de ele ser mau cristão e judeu. Foi aí também que blasfemou, sendo, em consequência, levado a auto-de-fé em 31 de julho de 1589, mas conseguindo a absolvição do ouvidor da Vara Eclesiástica. A 21 de janeiro de 1594 fez sua denúncia e confissão perante o Visitador do Santo Ofício, em Olinda. Em dezembro desse ano matou a esposa por adultério e refugiou-se no Mosteiro de São Bento daquela cidade. Continuando sob a mira da Inquisição por judaísmo, foi preso em Olinda em 20 de agosto de 1595 sendo embarcado para Lisboa, aí chegando em janeiro de 1596. Recolhido aos cárceres, negou a crença e prática judaicas, vindo a confessá-las depois. Levado a auto-de-fé em 31 de janeiro de 1599, abjurou o judaísmo, recebeu doutrinação católica e obteve liberdade condicional a 30 de outubro. Doente, faleceu na cadeia de Lisboa em fins de julho de 1600.

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